a path with a tree on the horizon

A mesa da Promessa

Começámos com a palavra “Lembra-te”. E que bom era se pudéssemos realmente entender o quanto isso é importante, para recordar e honrar as promessas feitas. Isso significaria:

  • Menos casamentos e famílias desfeitos.
  • Menos economias prejudicadas e menos pessoas e nações falidas.
  • Menos guerras e um maior compromisso com a paz
  • Menos desespero e uma visão mais clara e esperançosa do futuro.

Após a crucificação, a esperança num futuro melhor parecia vazia. Após a morte de Jesus, tudo parecia desmoronar para seus seguidores. O desespero e o medo rapidamente tomaram conta. As mulheres escolheram o desespero e entraram em luto. Os discípulos escolheram o medo e esconderam-se, acreditando que eram os próximos a morrer. Ninguém se lembrou…! Por três dias, todos eles pareciam ter esquecido tudo o que viram, tudo o que sentiram, tudo o que tinham ouvido e tudo o que tinham experimentado.

É por isso que as mulheres ficaram tão tristes quando foram ao túmulo. Elas estavam lá mas não era para conversar com Jesus. Estavam lá para tratar do seu corpo e depois, não voltar a vê-lo. Não ficaram muito entusiasmadas quando viram o túmulo, não tinham esperança e estavam confusas. Elas tinham esquecido tudo, de tal maneira que, quando um anjo lhes falou, elas ficaram assustadas, mas isso não as ajudou a lembrarem-se. Somente quando ele as fez recordar é que elas realmente se lembraram.

De repente, as palavras de Jesus romperam através do seu entendimento limitado da realidade e elas lembraram-se. Foi o suficiente para as fazer correr para os discípulos, destemidas e sem vergonha da sua história. Afinal, a promessa não foi quebrada. Jesus não as enganou. O Deus que tirou Israel do Egito e os salvou da escravidão acabou de tirar Jesus do túmulo e Ele derrotou a morte!

Os discípulos ouviram, mas não as escutaram. Para eles, parecia loucura, ilusões de mulheres traumatizadas. Mas isso incomodou Pedro o suficiente para o tirar da cadeira e sair pela porta fora. “Não podia ser verdade ou seria?” Primeiro, ele começou por andar para não chamar a atenção, mas depois não já não conseguia aguentar mais e correu o resto do caminho.

Quando lá chegou, ele viu o que as mulheres tinham visto; a história delas estava certa – Jesus não estava lá. Mas até Pedro não se lembrou das conversas que teve com Jesus: a confissão que ele fez sobre quem Jesus era e todas as histórias que ele cresceu a ouvir. Ele deixou o túmulo, não esperançoso, mas também confuso. Pois para Pedro as promessas quebradas estavam à sua volta; o que mais pesava no seu coração foi a promessa que ele quebrou, ao negar Jesus apenas alguns dias antes… Então, talvez ele merecesse isso … Jesus já não estava com eles; a promessa tinha sido quebrada.

Promessas quebradas, sonhos partidos, recomeçar de novo, se fosse possível. Havia tanto para conversar e mas nada a dizer. Era confuso, doloroso e assustador. Voltar para casa parecia melhor ideia do que ficar numa pequena sala em Jerusalém, então os dois saíram juntos. Voltariam a estar todos juntos novamente, algum dia? Ninguém disse nada, mas todos duvidaram. Eles já não tinham muito mais em comum.

Os dois reviveram a última semana, em detalhe, várias vezes. Tinham deixado escapar alguma coisa? Poderiam ter mudado alguma coisa?
“E se…” foi como eles começaram cada frase nova. Eles estavam tão absorvidos na sua conversa que nem viram o homem que se juntou a eles. Quando ele falou, eles ficaram assustados. Eles ficaram chocados, quando ele não sabia nada sobre o que estava a acontecer. Eles falaram-lhe sobre Jesus, compartilharam como estavam tristes; explicaram como ficaram desapontados por Jesus não ser quem eles pensavam que era; e eles mencionaram como estavam preocupados com as mulheres que agora diziam que Jesus estava vivo.

Em vez de consolá-los, o estranho repreendeu-os: “Lembrem-se!” Ele disse-lhes: “lembrem-se do que ouviram no passado, quando vocês eram crianças e ouviram as histórias de Deus e da Sua obra em Israel. Lembrem-se do que Moisés e os profetas escreveram”. E livro por livro, eles foram lembrados das antigas promessas de Deus; coisas que eles haviam esquecido, mas promessas que haviam mudado a história de Israel. Eles ouviram quando a promessa do Messias se desenrolou por toda a história e terminou em Jesus.

Os seus corações estavam mais leves e eles estavam desesperados por ouvir mais. Um sentimento familiar cresceu nos seus corações … Esperança! Eles imploraram ao novo amigo para jantar com eles e contar mais. Parecia correto pedir-lhe para orar pela comida e, quando Ele o fez, pegou o pão, partiu-o e agradeceu. E eles lembraram-se!!! Eles lembraram-se e sabiam! Isso não era estranho; este era Jesus! Jesus, que comeu com eles, conversou com eles, partiu o pão e deu graças com eles. A promessa não estava morta; tinha sido cumprida! E agora eles tinham que informar os outros discípulos.

Os restantes discípulos ainda estavam sentados na pequena sala, com as portas trancadas e janelas fechadas, sem falar apenas a sussurrar. Eles concluíram que as mulheres estavam obviamente cheias de tristeza e Pedro devia estar maluco… ele achava que tinham assaltado o túmulo … mas quem teria levado o corpo? Eles nunca saíram da sala! Quanto mais eles falavam, menos sentido fazia.

Alguém bateu à porta! Eles ficaram todos congelados! Era o fim, eles tinham sido encontrados! “Sou eu, Cléofas”. A porta foi destrancada e os dois viajantes foram puxados para dentro da sala. Eles compartilharam a sua história com os 11 e a conversa começou novamente. No meio disso, Jesus aparece a eles. Eles ficaram apavorados! Eles nunca tinham visto um fantasma antes, nem pensavam que acreditavam em fantasmas! Mas então quem estava ali? Ele parecia-se com Jesus, mas isso era impossível, Jesus estava morto!

Só quando Jesus pediu por comida, é que os seus amigos começaram a acreditar no que estavam a ver. Tantas refeições com Jesus, horas à volta da mesa. Eles sabiam como ele trincava a sua comida, eles sabiam como ele mastigava! Este era ele!!! Mas como era isso possível?

Lembrem-se!” Jesus disse-lhes. Lembrem-se do que ouviram, lembrem-se do que viram, lembrem-se do que sentiram, lembrem-se do que experimentaram. Lembrem-se do que aprenderam desde crianças, e em que os vossos antepassados ​​acreditavam, esperavam e confiavam. Deus não faz uma promessa e depois não a cumpre. Não no passado, nem agora, nem nunca!

A promessa de uma nova vida; a derrota da morte, o perdão do pecado e seu reino vieram… promessas que não foram destruídas e quebradas, mas foram realizadas e cumpridas!

Hoje sentamo-nos nos nossos quartos e nas nossas casas, não estamos escondidos, mas em quarentena. Mas também nos perguntamos sobre o futuro. Quando poderemos sair com segurança? Como será o mundo? Teremos empregos? Teremos algum tipo de economia normal? Seremos mais gentis uns com os outros ou ainda com medo de chegar muito perto? Vamos abraçar-nos ou vamos proteger-nos? Como voltamos à vida que tínhamos há apenas três semanas? E devíamos querer isso?

Se esquecermos a promessa que temos, podemos tornar-nos como as mulheres que foram ao túmulo em desespero. Desespero por tudo o que perdemos e estamos a perder. Desespero na nossa solidão e isolamento. Desespero porque o futuro é muito incerto.

Ou podemos optar por ter medo, como os discípulos, que se esconderam em auto-isolamento. Tememos porque entendemos que perdemos o controle. Temos medo porque percebemos o quão frágeis nós e os nossos sistemas mundiais realmente somos. Medo pelas nossas famílias, os nossos filhos e o nosso futuro.

É por isso que precisamos lembrar-nos! Lembrem-se do que Deus poderia fazer, pode fazer e fará. Lembrem-se de que a nossa esperança nunca esteve no mundo, mas em Jesus. Lembrem-se de que a vida abundante não é uma vida rica e saudável, mas é medida pelos relacionamentos que estabelecemos, pelas experiências em que fomos abençoados e pelo amor que temos em Cristo.

Lembrem-se! Lembrem-se que o Deus que resgatou Israel, o Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos, é o mesmo Deus que nos chama à Sua mesa para comer connosco, para nos conhecer e para ser conhecido por nós. As suas promessas nunca falham, nunca ficam sem resposta nunca vacilam. O que quer que esteja a acontecer e venha a acontecer, Jesus prometeu estar connosco, até ao fim dos tempos, mas isso começa na nossa porta da casa. Lembre-se das promessas de Deus e venham à mesa que Jesus preparou.

Ouça este texto, que foi partilhado na Celebração de 29 de março de 2020.