Descanso para Israel
Leitura bíblica
Jeremias 49.1-39, Sofonias 2.8-11, 1 Timóteo 6.17-19.
O que é o oposto de um ano marcante? Seja o que for, é o que a nossa família experimentou no último ano. Luto, frustração, quebrantamento, inveja, morte e doença, esticaram-nos como um elástico, levando-nos mais longe do que pensávamos ter a capacidade de ir fisicamente.
A dada altura, cada resposta começou a parecer uma rotunda, mesmo as bíblicas. Parei de falar com certas pessoas, porque sabia que elas iriam oferecer um lugar-comum que nada fazia para aliviar a torrente de dor e tristeza. Ansiava por um verdadeiro adiamento, um vislumbre da promessa que sei que nos meus ossos é verdadeira: que um dia não haverá mais tristeza e não haverá mais morte (Apocalipse 21.4).
As profecias brutais contra as nações nos últimos capítulos de Jeremias sentem-se assim: implacáveis, devastadoras, impossíveis de suportar. O capítulo 49 desenrola as devastações que viriam: a terra de Amon seria como um monte desolado; a cidade principal, Bosra, seria destruída, “um exemplo de maldição” (v.13). Edom tornar-se-ia insignificante entre todas as nações e inabitável (v.15); os incêndios consumiriam Damasco (v.27); Edom perderia a fonte do seu poder e acabaria, os seus reis seriam destruídos (vs.35, 37-38). Mas depois lemos isto:
“Mas nos últimos tempos hei de trazer de volta o seu povo, diz o Senhor.” (v.39).
Há pequenos versos escondidos em cada capítulo que prometem restauração – os egípcios (Jeremias 46.26), os moabitas (48.47), os amonitas (49.6), e os edomitas. E em Jeremias, Deus fez uma promessa ao Seu povo, o povo de Judá que O tinha traído: “Sim, diz o Senhor, serei achado por vocês e porei fim à vossa escravidão; restaurarei a vossa situação; juntar-vos-ei das nações para onde vos enviei e hei de trazer-vos de novo para a vossa terra natal.” (Jeremias 29.14).
Isto é porque o nosso Deus justo é também o nosso Deus misericordioso. Mesmo no meio do julgamento, executado na Sua perfeita justiça e retidão, Ele promete restaurar o Seu povo. Ele promete restaurar os Seus inimigos. Deus é tão grande e tão bom.
Jeremias é um estudo do carácter de Deus. A realidade da Sua graça e da Sua justiça é demasiado para os nossos cérebros compreenderem. Como, depois de tudo o que os edomitas e amonitas e os egípcios e moabitas fizeram ao povo de Deus, poderia Ele prometer restaurá-los? Como, depois de todas as formas como o Seu povo O traiu, poderia Deus mostrar-lhes misericórdia? Não o compreendo. Mas eu sei que preciso dessa mesma misericórdia.
Charles Spurgeon, um teólogo e pastor britânico, disse: “A misericórdia de Deus é tão grande que mais cedo se pode drenar o mar da sua água, ou privar o sol da sua luz, ou tornar o espaço demasiado estreito, do que diminuir a grande misericórdia de Deus”. É esta grande misericórdia do nosso bom e justo Deus que vemos tecida ao longo deste capítulo de desolação. Graças a Ele.