A Resposta do Senhor
Leitura bíblica
Jeremias 12.1-17, Oséias 11.1-9, Mateus 15.1-9.
Jeremias não é o primeiro profeta (nem o último) a ficar cansado com os desvios do povo. Não se pode simplesmente imaginar os seus ombros cansados e suspiros profundos enquanto ele pergunta: “Por que prosperam os maus? Por que têm êxito os traidores?”? (Jeremias 12.1).
Como o salmista que confessou que invejava a prosperidade dos ímpios (Salmo 73.3), Jó cuja dor o convenceu de que os justos eram o alvo de todas as piadas (Jó 12.1-6), e Jonas, que desesperou quando os ninivitas receberam misericórdia e não ira (Jonas 4.1-4) – a Bíblia regista uma longa lista de pessoas de fé que tinham perdido a fé na humanidade.
À medida que leio as suas palavras, sou levado pela perceção de que o meu próprio coração quer abandonar esse mesmo cenário. É tão fácil abanar a cabeça e apontar o dedo, colocoar a humanidade nas categorias de “nós” e “eles”, e perguntar-me porque é que aqueles “do outro lado” estão a divertir-se.
E no entanto, nunca encontramos Deus a juntar-se às festas de piedade dos justos. Enquanto os Seus julgamentos são claros e a Sua justiça não se curva, Ele persegue implacavelmente os perdidos. Em resposta ao desânimo de Jeremias, Deus diz: “Em seguida, depois de os tirar, terei misericórdia deles e conduzirei cada nação de volta à sua terra, ao seu país.” (Jeremias 12.15).
Aqui mesmo, no meio de um livro do Antigo Testamento, encontramos a mensagem do Evangelho, o bálsamo necessário para cada alma cínica. Jeremias tinha esquecido, como todos nós tendemos a fazer, que, quando comparado com Deus, ninguém é justo, nem sequer um (Romanos 3.10-12) – nem mesmo profetas chorosos. Nós merecemos a morte, não a misericórdia. As nossas festas de piedade acabam quando nos lembramos que somos todos troféus da graça de Deus que nos foi dada livremente. Cada um de nós.
No livro profético de Oséias, foi a vez do Senhor suspirar profundamente, como Ele lamentou: “O meu povo está inclinado a virar-se de mim” (Oséias 11.7). A realidade da nossa natureza pecaminosa é tão evidente em nós hoje como sempre foi então, e no entanto, é assim que o nosso Deus responde:
“Não cederei ao ardor da minha cólera,
não pensarei mais em destruir Efraim.
É que eu sou Deus e não um homem.
No meio de ti, Efraim, sou o Deus santo
e não o inimigo que invade a cidade.” (Oséias 11.9).
Quando parecer que os perdidos têm algo que nos falta, que o evangelho nos recorde que nos foi dada graça vezes sem conta. Nós temos Cristo. Nele, temos tudo.