O Profeta e a Promessa
Leitura bíblica
Lamentações 5.1-22; Jeremias 31.31-34; João 6.53-58; 1 Coríntios 11.23-26.
A Quaresma é mais do que uma época no calendário da Igreja. É uma viagem.
A estrada que percorremos desde a Quarta-feira de Cinzas até ao Sábado Santo não é fácil. É um caminho de preparação e teste, e à medida que viajamos, somos convidados a virar o nosso rosto em direção à cruz. Mas não é um caminho sem alegria, pois o próprio Jesus viaja connosco, convidando-nos a uma relação mais profunda com Ele e a uma experiência mais rica do Seu reino.
No livro de Jeremias, as pedras são colocadas para o caminho até ao Calvário. Através do profeta, o Senhor revelou primeiro o mistério do novo pacto. Jeremias anunciou a Israel que Deus iria fazer algo de novo neste mundo, algo que iria desfazer os nós do pecado e da morte e trazer-nos de volta ao nosso Criador.
Através de Jeremias, o Senhor prometeu: “Eu perdoarei a sua iniquidade e nunca mais me lembrarei do seu pecado” (Jeremias 31.34), e foi Jesus quem deu a estas palavras o seu cumprimento. Segurando a taça na Última Ceia, Ele tornou clara a ligação à cruz: “Esta taça é a nova aliança no meu sangue, que é derramada por vós” (Lucas 22.20).
O livro de Jeremias relata os últimos dias de Judá antes da destruição de Jerusalém e da tristeza do exílio babilónico. É em si mesmo uma imagem de onde os nossos pecados nos levam para além da graça de Deus. Neste relato, vemos a nossa própria depravação. Embora os nossos pecados possam diferir, os nossos corações são igualmente propensos a vaguear. E é apenas quando vemos a profundidade do nosso próprio pecado que podemos ver a glória da Cruz pelo que ela realmente é. Durante a Quaresma, investimos tempo para reflectir sobre o sacrifício de Cristo, e arrependemo-nos dos nossos próprios pecados que tornaram a cruz necessária em primeiro lugar.
Há também muito a ganhar em conhecer Jeremias, que se destaca como um homem fiel entre as pessoas infiéis – perseguido, espancado, e deixado para morrer porque falou as palavras que Deus lhe deu para falar. Ele sofreu pelo evangelho muito antes de haver uma mensagem evangelistica completa e adequada a proclamar. A sua vida é uma seta que aponta para Jesus, que também foi obediente apesar do custo, e que reconheceu que a alegria dada por Deus vale mais do que tudo o que este mundo tem para oferecer.
Neste tempo da quaresma, seguiremos Jesus até ao monte da crucificação, mas fá-lo-emos com Jeremias como nosso guia e companheiro de viagem. “‘Vejam, os dias estão a chegar – esta é a declaração do Senhor – quando eu cumprirei a boa promessa que eu falei.'” (Jeremias 33.14). A cruz proclama esta verdade e o túmulo vazio assegura-nos que a nossa esperança não é em vão.