Leitura bíblica
1 Senhor, Deus da minha salvação,
tenho clamado por ti de dia e de noite.
2 Que a minha oração chegue até ti;
inclina os teus ouvidos ao meu apelo.3 Porque a minha alma está cheia de angústias
e sinto-me perto do mundo dos mortos.
4 É como se fizesse já parte do número
dos que vão descer ao abismo.
Sou uma criatura sem vigor algum.
5 Estou como se tivesse sido lançado
no monte dos casos perdidos, sem esperança.
É como se não te lembrasses mais de mim,
como se a tua mão me tivesse afastado,
por eu estar numa situação desesperada.6 Puseste-me num profundo abismo,
em densas trevas.
7 A tua cólera pesa sobre mim;
as tuas vagas derrubam-me.
8 Fizeste com que os meus amigos me abandonassem;
foram-se embora porque me detestavam.
Sinto-me como um prisioneiro;
não vejo saída para isto.
9 Tenho os olhos cansados de tanto chorar de aflição;
clamo por ti todos os dias, estendendo-te as mãos.
10 Um corpo morto não poderá falar das tuas maravilhas;
a alma dos mortos não irá levantar-se para te louvar.
11 Debaixo da terra, nas sepulturas,
não poderá ser anunciada a tua bondade
e a fidelidade com que socorres os teus.
12 Na escuridão não se poderá falar dos teus milagres,
nem da tua justiça na terra do esquecimento.13 Mas eu, Senhor, logo de madrugada clamo por ti,
dirigindo-te a minha oração.
14 Senhor, porque recusas o teu favor à minha alma?
Porque viras de mim o teu rosto?15 Desde a minha mocidade que sou fraco, doente,
Salmo 88 (O Livro)
sempre à beira da morte;
o terror de me sentir desamparado por ti abate-me.
16 A tua ardente indignação abate-se sobre mim;
os teus terrores vão acabando comigo.
17 Estes receios e terrores apertam-me,
rodeiam-me de manhã à noite.
18 E tudo isto faz com que amigos e companheiros
se afastem para longe de mim.
Em lugar da amizade dos que me rodeavam na intimidade,
agora só tenho trevas à minha volta.
Devocional
Há noites que parece que nunca mais terminam. Pior, quando chega a manhã o cenário não melhora. A crise prolonga-se sem fim aparente.
O nosso pedido de ajuda a Deus parece cair em saco roto. Oramos de todas as maneiras e feitios e nada. A escuridão adensa-se e não se vislumbra escapatória. O cansaço generaliza-se e só apetece mesmo baixar os braços, entregar os pontos e deitar a toalha ao chão.
A vontade de desaparecer é enorme de tão baixa estar a auto-estima. A elevada sensação de rejeição leva-nos a fecharmo-nos ainda mais em copas e a fugir de relacionamentos. A vitimização acaba por ser o passo seguinte, sendo que em última instância nos insurgimos com Deus.
Chegamos a acusá-Lo de também Ele não nos ligar nenhuma e de inclusive ser o responsável por os nossos “amigos” terem dado de frosques. Sentimo-nos encurralados pelo sofrimento e invadidos pela indignação. Na ausência de soluções resta-nos desabafar com Deus.
E depois de deitar tudo cá para fora é voltar a fazer o mesmo. Sim, persista-se em orar, sobretudo quando não surgem respostas palpáveis. Insistir no diálogo com Deus é um extraordinário ato de fé. Podemos não perceber patavina do que Ele esteja a cozinhar, mas ao menos dizemos-lho.
Nem que seja em ato de desespero. E quando as trevas parecem ser o desfecho da conversa, eis que bem lá no nosso fundinho sabemos que Deus é o único que pode desfazê-las e alumiar-nos a alma.
– Jónatas Figueiredo
Este devocional é parte de uma série que nos ajuda à reflexão sobre o livro dos Salmos. Um novo devocional todos os dias úteis. Lê ou ouve, faz de cada Salmo a tua canção a Deus.