Leitura bíblica
1 Disse para mim mesmo:
“Vou estar atento quando abrir a minha boca,
principalmente quando estiver rodeado de ímpios.”
2 Mas enquanto estive em silêncio,
nada dizendo, mesmo de bem,
cresceu o tumulto dentro de mim até rebentar.
3 Quanto mais refletia,
mais cresciam as labaredas da agitação em mim.
Até que falei e supliquei a Deus:4 “Senhor, ajuda-me a compreender
como é curto o meu tempo aqui na Terra!
Ajuda-me a compreender a minha fragilidade!
5 Aos teus olhos, a minha vida pode medir-se em palmos;
o tempo da minha existência é como um sopro para ti. (Pausa)6 Na verdade, o ser humano,
por mais bem estabelecido que esteja na vida,
é frágil como um sopro, é como uma sombra.
Em vão corre atarefado, de um lado para o outro,
e amontoa fortunas, para serem gastas por outros.7 Assim, Senhor, em quem posso eu esperar?
Tu és a minha única esperança.
8 Livra-me de ser subjugado pelos meus pecados,
porque até os loucos me desprezariam.
9 Estou sem fala diante de ti.
Não direi uma palavra só de queixa,
porque o meu castigo vem de ti.
10 Não me atormentes mais,
pois estou a desfalecer sob o golpe da tua mão.
11 Quando castigas um homem pelo seu pecado,
logo fica destruído;
fica como roupa bonita estragada pela traça.
Sim, o homem vale tão pouco como um simples sopro. (Pausa)12 Ouve, Senhor, a minha oração
Salmo 39 (O Livro)
e inclina os teus ouvidos ao meu apelo.
Não fiques parado perante as minhas lágrimas!
Sou para ti como um simples estranho;
sou como um viajante passando pela Terra,
como todos os meus antepassados.
13 Poupa-me, Senhor!
Ajuda-me a recuperar forças,
antes que venha a morte e eu deixe de existir.”
Devocional
É ultra desejável que tenhamos conversas sérias com nós mesmos. Há que puxar pelos próprios colarinhos para que nos portemos como deve ser.
E a refrega bem pode começar pela língua para não haver derrapagens nos relacionamentos interpessoais, sobretudo com gente de feitio (re)torcido e conduta escorregadia. “Ficar em silêncio” quando disparam sobre nós provocações maldosas é prova de auto-controle, mas pode deixar feridas severas.
A dor agrava-se e o coração parece que não aguenta. E antes que chegue mesmo a rebentar, urge desabafar com Deus, sem deixar de Lhe pedir que nos dê a conhecer a Sua perspectiva. Mais do que chegarmos a constatar que os dias passam a uma velocidade estonteante, importa interiorizar a nossa finitude. A brevidade da vida é de tal ordem que se pode equiparar a “um sopro” ou à passagem de “uma simples sombra.”
E de pouco adianta estarmos muito seguros de nós, pois basta um bicharoco microscópico ou um acidente disparatado para virar de pernas para o ar as certezas e os planos que tínhamos. Realmente é completamente fútil viver para “amontoar riquezas”, pelo que arregalem-se os olhos da alma para aprofundar o vínculo afectivo com Deus.
Cultivemos com Ele uma relação de proximidade tal que a confissão seja espontânea e regular, de modo que caminhemos sem o peso da culpa e dos comentários mordazes de quem nos circunde. E quando estivermos aflitos ousemos gritar: “Deus, faz qualquer coisa!”; pois, além de não sermos os primeiros a apelar à Sua sensibilidade, Ele tem estofo para lidar com os nossos desesperos.
Estamos por aqui de passagem e só mesmo Deus nos pode renovar até ao dia de partirmos para o outro lado da eternidade. Sussurremos-Lhe: “A minha esperança está em Ti!”
– Jónatas Figueiredo
Este devocional é parte de uma série que nos ajuda à reflexão sobre o livro dos Salmos. Um novo devocional todos os dias úteis. Lê ou ouve, faz de cada Salmo a tua canção a Deus.