Conversas Cruciais 2019-11-23
Nesta edição contámos com a participação de Manuel Rainho para guiar a nossa conversa. Nesta gravação encontra a explanação que o Manuel fez na primeira parte.
No século XIX, o irreverente filósofo Nietzsche decretou “Deus está morto!”, percebendo que a cultura ocidental estava a mudar radicalmente. Muitos esperavam que esse vaticínio se concretizasse necessariamente ao longo do século XX em todo o mundo, mas tal não veio a suceder. O mundo hoje está ainda mais religioso e nunca houve tantos cristãos como agora, mesmo em termos percentuais.
Mas, de facto, algo aconteceu no continente europeu, onde a fé foi sistematicamente relegada para as dimensões privadas dos cidadãos, sem nenhuma correlação com as atividades do dia-a-dia. Até mesmo a forma como os cristãos europeus praticam a sua fé, parece estar constrangida a esse fenómeno. Uma fé muito individualista, resumida a uma decisão pessoal e vivenciada como consumo de atividades religiosas adicionadas principalmente ao domingo, mas sem capacidade real de integração da mesma nas esferas quotidianas da vida.
Se a afirmação de Nietzsche “Deus morreu!” se revelou falsa a nível global, não é de todo descabida neste velho continente onde nós, europeus e imigrantes, somos chamados a viver a nossa fé.