O dia é noite e a noite também
Onde estou ó Pai?
No meio da escuridão
Ou apenas sem poder ver
Ouço apenas a cegueira
Quando preciso da tua voz.
Se o dia nascer outra vez
Lembra-me da noite
Que não é só minha
Que no escuro
A razão não vem sozinha.
Quando quiser falar
Por favor cala-me
Porque quando não mais conseguir falar
Sei que ouves o meu respirar.
Como não confiar em quem ergueu os picos do mundo?
Aquele que esculpiu as rugas do meu próprio umbigo?
Enquanto acordar estou ansioso por errar.
A cada dia que passa endurece a minha pele
E ainda que me ache pedra
Não me basto ao cinzel
Contudo, a cada pedaço que me cai
Fico mais perto do filho de Davi.
Fico mais perto de Ti.

– Bruno Martins dos Reis