#23 Eu sou a videira verdadeira
Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é quem trata da vinha.
Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que estiver unido comigo dá muito fruto porque sem mim nada podem fazer.
— João 15:1, 5 (BPT09)
Jesus, na Sua suprema sabedoria, traz-nos este ensinamento. Ele é a videira verdadeira, o Pai o lavrador, e nós, os Seus ramos. Ao referir-se a Si próprio, como a videira verdadeira, Jesus está, implicitamente, a dizer que existem videiras falsas. Para compreender isso melhor, Ele traz-nos a figura da poda.
Note que, somente os ramos que dão fruto é que são podados. Aquele que não dá fruto, o Pai simplesmente corta. Então, a poda existe para o ramo que trabalhou muito bem, durante a sua estação frutífera, a poda serve para prepará-lo para a próxima estação.
A poda de árvores varia de espécie para espécie. Para a videira a poda é decisiva. Normalmente ocorre no inverno, entre uma estação e outra (depois do período de frutificação da estação anterior). A poda consiste basicamente em limpar e aparar aqueles galhos e folhas que, embora pareçam bonitos e belos, impossibilitarão a plena frutificação se não forem retirados.
Nas nossas vidas o Senhor poda-nos com o objetivo de eliminar justamente esses galhos e folhas que parecem belos mas não são. A poda é dolorosa para nós. Normalmente, envolve abrir mão de coisas que não são necessariamente más em si mesmas, como prioridades, poder, influência, dinheiro, tempo, títulos, sonhos ou qualquer outra coisa que possa vir a desviar-nos do foco. Enfim, a poda vem para abençoar-nos, retirando aquilo que poderia impedir-nos de frutificar em abundância e qualidade na próxima estação. A poda reflete o compromisso do Senhor com as nossas vidas. Se Ele não se importasse, simplesmente não podaria, e deixar-nos-ia secar, sem dar mais fruto. A poda de Deus visa que o ramo alcance o seu pleno potencial no reino de Deus.
Se observarmos uma árvore, depois da poda, ela não terá um aspeto muito aprazível. Pelo contrário, parecerá “vazia”, “feia”. Mas, estará preparada para o que ainda virá, para dar os frutos da próxima estação. Por outro lado, a videira falsa continuará parecendo bela, bonita, e estará cheia de galhos e folhas. Será inicialmente confundida com uma boa árvore por muitos. Mas o tempo passará, e ela não dará frutos em abundância e qualidade. Por isso, devemos sujeitar-nos à poda do Senhor nas nossas vidas, para desfrutarmos da bênção de sermos esvaziados de tudo o que não é essencial para Ele, ainda que sejam coisas que parecem bonitas e desejáveis.
A poda de Deus não é disciplina. É preparação para um novo tempo, uma nova estação. A disciplina vem por causa do nosso pecado, para gerar em nós arrependimento. A poda vem, não porque pecamos, mas porque temos dado fruto. E, muitas vezes, encontramo-nos desgastados no próprio processo de frutificação, carentes de um renovo, de uma limpeza. Assim, para nos preparar para aquilo que o Senhor sabe que ainda virá, a poda vem. Na disciplina, o objetivo de Deus é corrigir-nos. Na poda, o objetivo é preparar-nos para mais um período de plena frutificação.
Resta-nos o desafio de tentar identificar os períodos em que estamos a ser podados pelo Senhor e, assim, descansar e confiar n’Ele, ainda que aos olhos dos homens não pareça assim. Os períodos de poda serão dolorosos, serão tempos de renúncia… mas o Senhor sabe, de antemão, para o que nos está a preparar e quais são os galhos e folhas que Ele precisará aparar. Sempre existirão ramos mais cheios, que parecerão mais belos aos olhos dos homens, porém, não darão frutos. A próxima estação virá e o Senhor, mais do que ninguém, conhece o nosso potencial para o Reino d’Ele, e quer usá-lo na sua plenitude.
— António Barbosa
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